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O Império Contra-ataca. Primeiro o fim do mundo figurativo. Agora o fim do mundo literal. Não bem. Mas quase. Só um bocadinho mais a Norte.

Wednesday, May 23, 2007

Dia 5 ::: 12-03-2007 ::: Punta Arenas

O dia começa stressado. Algures entre o susto que apanha com o toque do despertador que lhe emprestei (sim porque eu de certeza não ia acordar) e não saber funcionar com ele, a Corinna muda-lhe a hora, volta a adormecer e acorda às 7:30. Com meia hora para deixar o hostel, as coisas são agarradas à pressa. Claro que alguma coisa tinha de ficar para trás. Ficou o despertador. Naquele dia tocou pela última vez. Pelo menos para mim. A correr para o táxi que já nos esperava a frase da manhã foi “Bad German!!! Typical Portuguese!!!”. Mas enfim... chegámos a tempo e a palavra de ordem foi dormir. A primeira paragem era daí a 4 horas, na fronteira, e nós não tivemos tempo para nada que se assemelhasse a um pequeno almoço.
Estava iniciada a minha primeira viagem de autocarro.

Na fronteira as coisas processaram-se sem problemas. Por causa do que tinha ouvido de passar fronteiras entre Chile e Argentina, considerei-me uma pessoa de sorte. Os cartazes espalhados por todas as paredes com pessoas desaparecidas é que não eram lá muito simpáticos. Comida qualquer coisa siga a viagem que ainda falta um bom bocado para chegarmos ao destino.

Há tanta Madeleine no mundo que não tem a mesma exposição...

Pelo meio, um fenómeno estranho. Do nada, mas do nada mesmo, a estrada acaba. Desemboca num rio (no caso mar) e para lá disso nem uma ponte nem nada. A resposta chegou depois. Uma espécie de plataforma gigante de aço fazia as vezes de um ferry-boat que nos havia de levar até ao outro lado entre ovelhas e camiões.

Não há "Em frente", não há "Esquerda" nem há "Direita". É pra onde?

A travessia foi um pouco atribulada. Afinal, estavamos a atravessar o famoso Estreito de Magallanes (que é como quem diz Magalhães mas não há quem convença estes tipos que Fernão de Magalhães era português) que é mais conhecido por ter sido o primeiro ponto através do qual os barcos passavam do Atlântico para o Pacífico, muito antes do Canal do Panamá.

Segundo me disseram, não sei se é verdade ou não, um dos oceanos está mais alto que o outro e isso provoca uma turbulência forte no estreito. De tal maneira que para fazer uma linha recta, o barco fez um trajecto tipo semi-circunferência de raio 20.000 qualquer coisa.

O tal estreito. Aqui vi um primo dos Golfinhos que se distingue destes pelo facto de ser todo branco. Aliás, nesta viagem fartei-me de ver primos de animais famosos...

O que faltava da viagem já não era muito. Mais uma horita e chegámos a Punta Arenas. Foram quase 12 horas de viagem mas passaram relativamente bem. À chegada a Punta Arenas a Corinna dá-me a agradável notícia de que não teria de procurar hostel. Já tinha falado com o amigo dela e eu podia passar a noite em casa dele. Depois de pousadas as coisas, tempo para uma volta curta pela cidade. Não deu para conhecer muito porque já estava a anoitecer e no dia seguinte a saída era cedo para Puerto Natales. Mas deu para entender que é uma cidade grande mas calma, que teve grande importância por ser a cidade de abrigo dos barcos que atravessavam o estreito. Os edifícios, na sua maioria sul americanos destoam dos grandes palacetes aí construídos por ingleses e alemães que anos antes ali enriqueceram com a criação de ovelhas e do seu chamado “ouro branco”: a lã.

Um palacete visto da janela de casa do Horácio.

Jantámos sozinhos num restaurante. Aproveitei para matar as saudades de peixe, que raramente comi na Argentina. Nada como a famosa pescada chilena para iniciar a estadia no Chile. A noite foi dividida em duas: uma primeira parte em casa à conversa com Horácio (amigo da Corinna) e o seu pai. Só aí é que percebi que são Mexicanos. O rapaz é que está ali em trabalho. A segunda parte da noite foi passada num bar de salsa. Foi talvez o primeiro momento em que me senti verdadeiramente na América do Sul. Longe da europeia Buenos Aires e dos circuitos turisticos, estava agora num ambiente bem mais típico, bem regado de Pisco Sour, um licor típico do Chile feito à base da bebida tradicional deles: o Pisco.

Num bar de Salsa onde toda a gente dança eu fiz o que me competia. Fiquei sentadinho e quietinho. Às vezes batia o pé. Mas foi o máximo a que me arrisquei.


Depois... descansar. Amanha é mais uma viagem!

No mp3: Where is my mind – Pixies

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