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O Império Contra-ataca. Primeiro o fim do mundo figurativo. Agora o fim do mundo literal. Não bem. Mas quase. Só um bocadinho mais a Norte.

Tuesday, April 24, 2007

Uma polémica parva é sempre uma boa coisa para nos divertirmos. Senão vejamos:


P.S. - Peço desculpa pelo atraso na descrição da viagem. Prometo compensar nos próximos dias. Agradecido.

E quase um ano depois... quais as diferenças?

Antes de sair para a Argélia:

Descascam-se as teorias do Aeroporto da OTA, juntam-se as opas bem batidas e polvilha-se tudo com um ou dois escândalos. Pode ser o Apito Dourado e o Caso Casa Pia, por exemplo.

Assim se faz um telejornal português.

Quando chego da Argentina:

Mudaram os escândalos. Agora está a Independente e Sócrates: Engenheiro ou nem por isso?

Vira o disco e toca o mesmo. Caros amigos quando se inventou a frase "25 de Abril sempre!" a ideia não era deixar o país parado no tempo...

Thursday, April 19, 2007

Dia 2 ::: 09-03-2007 ::: Ushuaia

Na Terra do Fogo podes ser quem tu és, ninguém te leva a mal.


São 8 da manhã quando acordo. Estou atrasado. Que coisa tão rara e estranha. Tenho 30 minutos para estar à porta do hostel. Não há problema.
O programa do dia estava definido desde o dia anterior. O grupo foi aumentando no pequeno-almoço. Para a parte da manhã, a da ida ao Parque Nacional da Tierra del Fuego estavam: Eu, Esteban, da Costa Rica, Corinna e Flo da Alemanha, Rosa, a espanholita basca, Taki o japonês, o Homem do Yes e Sofia, uma mexicana.

Começa bem o passeio.

Mulher do Parque – “Nacionalidade?”
Corinna – “Alemã”
M.P. – “20 pesos”
M.P. – “Nacionalidade?”
Flo – “Alemã”
M.P. – “20 pesos”
M.P. – “Nacionalidade?”
Taki – “Yes!”
Eu – “Japonês.”
M.P. – “20 pesos”
Taki – “Yes!”
M.P. – “Nacionalidade?”
Eu – “Portuguesa”
M.P. – “6 pesos.”

E pronto. O resto pagou 30. Não percebi porque é que paguei 6. Mas também não fiz questão de perguntar! Ainda que involuntário, poder-se-á considerar este o segundo momento tuga?

Às 9h00 começamos a caminhada. A partida faz-se na Baía Ensenada, uma enorme baía onde as aguas calmas do Canal Beagle mais uma vez nos fazem pensar que estamos perante um lago e não um braço de mistura atlântica e pacífica. Ali ao lado, uma casota dos Correios Argentinos permite-nos carimbar o passaporte com um carimbo simbólico do Fim do Mundo.


Logo ao lado começa o caminho. Pelo meio de um bosque cerrado, daqueles de contos de fadas. Todo ele verde e húmido. A lama é companhia constante. Às vezes até aos joelhos. O mar do canal vai-nos acompanhando. Parado, literalmente, vai-se revelando tal é a facilidade com que se vê o fundo. Eu não sei se concordam. Mas para mim logo a seguir a um bosque estar o mar é coisa que não combina. Por isso é que o lugar é tão estranho e tão lindo. Do outro lado, o Chile acompanha o caminho.

"Parado, literalmente."

"Vai-se revelando tal é a facilidade com que se vê o fundo"

O bosque e o mar lado a lado.

"A lama é companhia constante."

"Às vezes até aos joelhos."
Só aconteceu a um. A quem havia de ser?

Estamos juntos e sozinhos ao mesmo tempo. O ruído do silêncio chega a assustar. Algumas partes mais difíceis do caminho lembram-me do esforço feito no dia anterior. As pernas dizem-me “Estás a ver palhaço?”

Pára para foto, pára para ver, pára para sentir. À nossa volta, a Natureza trata de nos mostrar a todo o momento como somos básicos. Há tanto no mundo e nós contentes com tão pouco.



Algumas árvores têm uma espécie de cancro. Não as mata. Pelo contrário. É uma resposta da árvore a um fungo que cresce nos seus troncos. Fungo esse que servia de alimento aos índios que anos antes habitaram estes lugares.

O cancro das árvores. Em baixo à esquerda, a bola amarela é o fungo.

A penúltima parte do caminho é feita em esforço. Subidas íngremes, troncos caídos e muita lama à mistura. A respiração está descompassada e o corpo tem reacções estranhas. Pela primeira vez, sinto calor e frio ao mesmo tempo. O corpo está suado do esforço e a parte da frente do nosso corpo ferve. Mas pelas costas, um vento cola-nos a t-shirt molhada ao corpo e deixa-nos gelados até aos ossos.

A última parte da caminhada é feita mais facilmente. Uma estrada de terra batida que nos levará até um parque de campismo onde nos irão buscar. Os últimos metros são feitos na companhia de inúmeras lebres que saltam por todo o lado. Saltam todas menos uma. Esta está na boca de uma raposa que se cruza connosco tranquilamente como se não fosse nada com ela. Não foge nem mostra tenções de o fazer. É estranho este à-vontade dos animais aqui.

A raposa (Zorro em Castellano) e a lebre paradinha.

O parque de campismo é de sonho. Com as tendas montadas junto ao canal, a vista é incrível. Só gostava de saber como é acordar, abrir a tenda e ter esta imagem como primeira vista da manhã. Churrascos espalham-se por todo o lado. E a sensação que dá é que quem está ali está longe do mundo. Mas também não sente falta.

No mp3: Street Spirit (Fade Out) – Radiohead

Se o Darwin andou aqui eu também quero!

São 15h30. Já sem o Taki (continuou no parque) e sem a Sofia (ficou algures para trás no meio do passeio da manhã para apreciar o cenário sozinha), entramos num barco que nos levaria pelo Canal Beagle (que deve o nome ao nome do barco que levou a expedição de Darwin pelas suas águas) a ver um farol, uma ilha com uns pássaros tipo patos, outra com leões marinhos e uma baía onde estão os pinguins.
Os animais não foram nada de fantástico. Leões marinhos são leões marinhos e os pinguins não eram dos mais bonitos. Além de que terminada a época de reprodução piram-se para o Pólo Sul e por isso já não eram muitos.

É mentira! Eu estive foi no Oceanário de Lisboa!

Ena! Tanta freira junta!!

O tal farol.

Mas navegar naquele canal é uma coisa incrível. A imensidão é uma coisa impressionante. Do lado direito a Argentina. Do lado esquerdo o Chile. No meio, um braço de água separa as terras e leva-nos numa calma que quase nos esquecemos que estamos sobre água. Olhar a 360 graus é uma experiência engraçada. À nossa volta, água, ar, montanhas, neve... nada. E tudo ao mesmo tempo. É esmagador. Os 4 elementos unem-se ali numa cumplicidade tal que forçosamente nos sentimos como intrusos. Ali nunca o homem chegou. Ou pelo menos não se nota. O vento gelado que nos abraça contrasta com o quanto aquele cenário nos aquece.

"A imensidão é uma coisa impressionante."

Ar, terra, água e fogo.

É capaz de estar frescote...

Pelo meio... vejo Jesus. Ou então era apenas um pato que caminhava sobre a água enquanto batia as asas para ganhar maior velocidade para voar. Não sei bem.

Milagre!! MILAGRE!!!

No mp3: Galapogos – Smashing Pumpkins

O jantar foi óptimo. O menu é outra conversa.

À noite, jantar no hostel. Com todo o grupo novamente reunido. A Sofia reapareceu e o Taki também se juntou. Se calhar não queria. Mas quando lhe perguntámos se queria jantar connosco disse... “Yes”. E por essa altura já sabiamos que um “Yes” do Taki vale o que vale.
Ambiente divertido, vamos falando dos momentos altos do dia. As melhores fotos, vistas, piadas... tudo. A ementa... Massa com salsichas e salada com atum. Pronto está bem então. Viola à mistura e umas cervejas num bar com mais alguns mochileiros do hostel, dos quais destaco os dois italianos de Bolonha que não sabiam que raio de convenção era essa que tem o nome da cidade deles. A noite acaba às 3h00. Há que dormir. Amanhã também é dia.

O melhor Blog desde o tempo dos Gatos no Blogger.com

Edição Extra.

Já existe desde Novembro do ano passado mas só o descobri agora (graças ao também fantástico Não Está Fácil). É muito, mas muito bom! Só é pena ter ainda poucos vídeos! Parece que entraram para a grelha da Sic Radical. Ainda bem. Aqui há talento!!

Wednesday, April 18, 2007

Dia 1 ::: 08-03-2007 ::: Ushuaia

Começou!
São precisamente 04h10 da manhã quando toca a campainha de casa da Sónia. Era o táxi. Com a cabeça num reboliço e o corpo a estremecer, dou comigo a pensar que agora já não há volta a dar. Ou melhor... há. Uma volta bem grande por sinal. Ainda há umas horas estava sentado à mesa com os meus amigos e agora estava prestes a separar-me deles porque, já se sabia, o tempo que restaria entre esta viagem e o regresso a Portugal para pouco ou nada daria. Não sabia dizer se estava arrependido ou convicto naquilo que estava prestes a iniciar.
No mp3: Ao Fim do Mundo - Ala dos Namorados
O primeiro “Momento Tuga”.

Cheguei ao Aeroparque por volta das 04h30 da manhã, isto é, rigorosamente uma hora antes da hora marcada para o vôo. Estava tudo a correr bem. Mas também estava só a começar. Sendo a minha mala uma mochila, é evidente que se torna indispensável embrulhá-la naquele plástico antes de a enviar para o porão do avião. Só para, sei lá, evitar males maiores, daqueles tipo roubos. Enfim... o tipo de coisas que geralmente me acontece. Já imaginava o sacana do gajo do handling a espreitar as malas e a escolher no meio daquelas malas (algumas com diamantes cravados e correntes de ouro puro enfiadas nos bolsos de fora sem cadeado) a mala do desgraçado do mochileiro português que não tinha interesse maior do que vender o conteúdo numa qualquer feira de Buenos Aires. Vai daí, primeira coisa a fazer assim que cheguei ao aeroporto foi dirigir-me ao senhor da maquineta plastificadora. O melhor que consegui foi dirigir-me à maquineta porque senhor nem vê-lo. Devia estar de panelinha feita com o gajo do handling o sacana. Afinal não. Parece que abre às 5h. Nada como esperar. Também... estamos na Argentina... se há coisa que não acontece aqui é um avião sair sem atraso. 5h00, 5h05, 5h10... bem o melhor é ir indo para a fila do check-in e se o tipo chegar entretanto vou lá num instante. 5h15... nada. Chega a minha vez de fazer check-in. Exponho o problema à senhora que, coitada, não sabe que está a lidar com um gajo que tem as manhas lusas. Muito simpática diz para não me preocupar. Faço o check-in sem despachar a mala e se vir que o tipo não chega, às 5h25 envio as malas como estão. Feito o check-in... mais espera. 5h20, 5h21, 5h22,. 5h23... nada... Ainda por cima parece que o avião vai sair a horas. Coisa rara mas vendo bem as coisas é normal porque se de um lado está a contradição de um avião na Argentina sair a horas, do outro está o habito de tudo me complicar a vida. 5h24, 5h25, 5h26... Está na hora de tomar uma atitude. Mochila grande às costas, mochila pequena ao peito, ar convicto e avancemos! Há que tentar a sorte! Exatamente... vou tentar entrar com aquela mochila que mais parece um daquele cilindros de aquecer água de casa no avião. Chego à zona de controle de bagagens. Até agora passei despercebido. Mas não sei se foi por ser alto ou se foi pelo “BADABUM!!!!” produzido pelo pousar da mochila na passadeira rolante, a minha presença foi notada pela menina e senhor responsáveis pelo raio-x. Pelo menos passou dentro da maquineta. E eles parecem com pouca vontade de se chatear. Ainda bem. O homem nem teve coragem de me pedir para abrir a mochilona. Ficou-se pela pequena. Tentando disfarçar o esforço que estava a fazer a pegas nas coisas outra vez para que não percebessem o peso que ali ia (não sei muito bem o porquê desta preocupação porque ninguém que tenta meter um elefante num avião pensa no peso. Se calhar o tamanho é capaz de vir primeiro). Entro na manga e caminho a passos largos em direcção à porta do avião. Confiante! Mas o mais ridículo estava para vir. Duas assistentes de bordo à porta do avião olham para mim com cara de quem não está a perceber o que se passa. E tentam perceber também se sou eu que levo a mochila ou se é a mochila que me leva a mim. Eu próprio também não sabia nessa altura. Riem-se mas deixam-me passar. Menos mal... Uma delas dá a notícia: O seu lugar é o último do lado direito. Parei por dois segundos. Pensei nas minhas hipóteses. O avião estava cheio. Eu era o último a entrar. À minha frente uma plateia de gente e toda uma passerelle para caminhar até ao meu lugar. Nas costas um mochilão na frente uma mochila a rebentar pelas costuras. Não estava bonita a situação. Ria ou disfarçava? E como se disfarça um mono como aqueles? Como disfarça o Obelix que leva um menir nas costas? Ridículo por ridículo resolvi jogar ao ataque. Ia desarmar aquela gente. Com um sorriso parvo na cara a rir-me de mim mesmo humilhei-me a mim mesmo antes que algum deles o fizesse. Chego finalmente ao meu lugar. Mas a história não acaba. Não há um único compartimento nas redondezas vazio. Procuro não olhar as caras à minha volta até porque se antes estava roxo do peso, agora estou vermelho de vergonha (vermelho e vergonha são duas palavras que sempre ligaram bem). A hospedeira que me espetou um facalhão do talho quando anunciou o meu lugar decidiu matar de vez: “Tem compartimentos vazios lá à frente na primeira classe”. E toca de fazer a passerelle toda outra vez. Agora para trás!! Aí vai ele! E o burburinho aumenta. É francês. Consegui perceber. Recorro ao meu curto vocabulário recuperado na Argélia e após guardar o sacana do mono, olho-os e agradeço o suporte moral. E caminho para o meu lugar humilhado até às entranhas mas com uma olhar superior e pose de convicto vencedor.

Ushuaia à vista.

No mp3: Space Oddity - David Bowie

O avião saiu apenas com 10 minutos de atraso (e algo me diz que foi por minha causa. Imagino a menina do check-in à minha procura pelo aeroporto até que lhe chega aos ouvidos a história do anormal que entrou no avião com metade da casa às costas). Coisa estranha mas não comum. Soube depois que todos os outros vôos do dia atrasaram. Um chegou a Ushuaia 7 horas mais tarde que o previsto.
Uma das curiosidades que tinha era ver Buenos Aires de noite lá de cima. Azar. O meu lugar não tem janela. E ainda bem. Porque se tivesse dava directamente para uma das turbinas do avião. Ora como aquilo era um aparelho meio dúbio, melhor assim mesmo. Como se em caso de correr mal, aquela fuselagem meio desmontada fosse servir de alguma coisa, mas enfim. Estava envolvido nestes pensamentos quando aterrei. A viagem durou mais ou menos 3 minutos. Ou então adormeci. Não sei bem. Mas os 3 graus que me gelaram a pele fizeram-me rapidamente pensar que haveria melhores momentos para me debruçar sobre o assunto.
Acho gira esta moda de escrever o nome nas fotos.Olha passo a usar também! E já agora ponho o endereço do blog.
Com isto consigo tapar 95% da imagem.

Taki, o homem do YES!

Táxi. Era o que precisava. Já tinha hostel escolhido, agora era ir ver se tinha vagas. Pelo meio ouço um “You.... hostel?” O rapaz de feições nipónicas mais por gestos que por outra coisa lá se fazia entender. Meteu-se no meu táxi e veio comigo. Só quando cheguei ao hostel é que percebi que não fazia ideia para que hostel eu estava a ir. Por acaso era o mesmo. Como não sabia o nome dele, mentalmente baptizei-o de Tuki, em honra ao único japonês que conheci, nos tempos idos da residência universitária de Lisboa. Não andei longe. Chamava-se Taki. Homem do yes porque desconfio que esta era a única palavra que compreendia verdadeiramente. Não percebo como é que o gajo faz uma viagem sem saber o mínimo de castellano (espanhol para os argentinos) ou inglês, mas a verdade é que com gestos e muita insistência pelo meio la ia levando a água ao seu moinho!
Conhecer a cidade.

Feito o check-in no hostel, conhecidas algumas pessoas e os cantos à casa, feitas algumas compras de supermercado para cozinhar no hostel (mochileiro tem de poupar) decidi seguir para o primeiro tour pela cidade.
Ushuaia é uma cidade cutchi-cutchi. Não muito grande mas também não exageradamente pequena, vai tendo alguns predios. Mas muita casinha de madeira, de telhados inclinados. Muita loja para turista mas algumas para os locais também. E os preços são atractivos. Sendo zona franca ainda são mais atractivos que no resto da Argentina. A não ser que estejamos a falar de coisas que digam Ushuaia ou Patagónia ou Argentina ou assim. Essas são para turistas e como tal têm um preço condizente.
Entalada com a montanha de um lado e a baía de Ushuaia no outro, a cidade transmite calma. A paisagem é, como na maioria da Patagónia ampla. Aliás, vasto seria o melhor objectivo para caracterizar a Patagónia e a generalidade dos sitios por onde andei. As águas limpidas e calmas (mais calmas que muitos lagos que conheço) quase nos fazem esquecer que o Canal Beagle é feito pelo mar. Do outro lado aparece a pontinha do Chile que um dia roubará a Ushuaia o título de Cidade Mais Austral do Mundo. O céu geralmente limpo permite ver as montanhas em todo o seu esplendor. À minha frente a dada altura está aquela que planeei subir nessa tarde: a montanha do Glaciar Martial.
O Hostel.
A vista da Sala de Jantar era simpática.
A rua principal de Ushuaia. Quem diria... chama-se S. Martim...
Até o Casino é cutchi-cutchi.
As montanhas.

A baía de Ushuaia.

Ushuaia vista do porto.
Glaciar Martial.

Acalmado o estômago com umas sandocas num qualquer café de Ushuaia (a cozinha do hostel já estava fechada àquela hora), hora de subir e subir bem! Se a primeira parte da subida não custou muito (táxi) e a segunda também não (teleférico) o mesmo não se pode dizer do que se seguiu. Pelo meio já tinha tomado contacto pela primeira vez com as famosas diferenças de preço. Nacionalidade? Portuguesa? Pimba toma lá 25 pesos para subires. Se fosses argentino pagavas 5!
A subida até ao glaciar são de 500 metros (em altitude) por não sei se muito mais em comprimento. É dose. O menino da cidade chega a Ushuaia e decide-se logo por uma destas.... também foi inteligente. A meio da subida as pernas já não respondem. Os pulmões cheios de ar não parecem suficientes para as encomendas e o pensamento que me invade a cabeça é “Eu fico aqui! Alguém que me venha cá buscar!”. Agradável também é mudar de pedras para terra, de terra para lama, de lama para água e de água para neve e depois tudo ao contrário. E repete-se isto 20 vezes ao longo do caminho. E giro giro é o aviso no papelito que diz: “O caminho está bem indicado. Tenha cuidado para não sair do trajecto!”. Meus amigos... o caminho está sinalizado com pedras. Uma aqui e outra acolá. Não estão pintadas nem têm forma especial. Ora tendo em conta que o que mais há ao longo do caminho sao pedras, eu não tenho a certeza, mas não acham que será tudo um pouco duvidoso? Como é que eu sei se aquela pedra é do caminho ou está ali porque, sei lá, é o lugar dela?? Chegado lá acima a expressão que sai é “F#”$$-SE!! É ISTO?!” Aquilo a que eles chamam glaciar, meus amigos, não é mais do que um cume cheio de neve. Tá bem que é eterna. Mas é neve porra! Mas a desilusão passa quando rodamos 180 graus. Primeiro vemos o que subimos e ficamos orgulhosos (há que tratar da autoestima primeiro). Depois a vista é, no mínimo, imponente. Com a subida trilhada entre duas paredes, Ushuaia aparece ao longe e dissolve-se nas águas do canal. Olha-se à volta e não se percebe o que é Argentina e o que é Chile. A natureza não construiu países nem fronteiras. Construiu um todo. Nós é que o separámos.
Passado um bocado percebo que afinal não fui sozinho. Trouxe comigo uma serie de gatos que miam que se farta nos meus pulmões. A pureza e secura do ar e a sua temperatura gelada queimam os pulmões. E ainda sinto a poluição de Buenos Aires.
A descida é feita no passo Eu-queria-parar-mas-não-consigo! Quase a chegar a teleférico aparece um novo caminho à esqueda. É para um miradouro sobre Ushuaia. Mal por mal não fica nada por fazer!! Neve pelos joelhos, água a entrar pelas botas, pernas a dizer “MAIS NAO POR FAVOR!” lá chego ao tal miradouro. A vista é basicamente a mesma mas mais próxima. E o que ganha em nitidez perde em espectacularidade porque já não estamos trilhados entre duas paredes.
Antes de descer, tempo para um café com leite e uma fatia de torta de maçã no abrigo. Há que aquecer e recuperar energias. E a companhia é simpática.
Diz que é uma espécie de Glaciar.

Ushuaia bem lá ao fundo a perder-se no Canal Beagle.

A companhia de lanche no abrigo. Não falava muito.
Mas era bonita. Parece que é prima da águia. Menos mal...


Os primeiros amigos mochileiros.


A piada de estar nos hostels é esta. Há mais gente como nós. Que viaja com low-budget, que viaja sozinha e que quer conhecer gente. Ushuaia nesse aspecto foi o melhor lugar onde estive. Tive sorte também porque não sei porquê quase toda a gente que estava no hostel tinha chegado ou na mesma manhã que eu ou na noite anterior. Portanto estavamos todos a planear fazer as mesmas coisas. Já agora podiamos ir juntos. Trocas de impressões, eu quero fazer isto e tu aquilo; eu também quero ir a esse; ouvi dizer que aquele não vale a pena; este é caro para o que é, chegam-se a acordos e juntam-se grupos. Naquela noite conheci a Corinna (Alemã) e o Esteban (Costa-Riquenho). A primeira coisa curiosa relativamente à Corinna é que a última coisa que esperava seria falar com uma alemã em... castellano. E ela ainda falar melhor do que eu... Mais tarde conheci outras pessoas. Tinham chegado no tal avião que se havia atrasado 7 horas. Estava já tudo fechado e apanharam-nos à porta do hostel. Por sorte. E por sorte também, o dono morava logo ali ao lado. Sorte dos mochileiros e dele que sem contar duplicou a ocupação do hotel. Estava formado um grupo e o plano para o dia seguinte era: Parque Nacional da Terra do Fogo de manhã e Barco para ver os pinguins, leões marinhos, pássaros, farol e navegar no Canal Beagle à tarde.

Ora vamos lá então começar!

Já a seguir não perca o primeiro episódio de "Os Diários de Autocarro"

Friday, April 13, 2007

"Sonics aqui tens o teu post!" ou "As promessas são para se cumprir!"

Ocorreu-me dizer que esta foi a última foto que tirámos juntos. Não foi certamente, mas teve o sabor disso mesmo. És uma Amiga. Com A muito grande! Levo de toda a malta as melhores recordações e tenho-os a todos como os maiores!! Mas acho que ninguém vai levar a mal se disser que és especial! - Maria não sejas egoista!! Este é o momento da Sonicha! - Obrigado por tudo! És grande!!! E vaidosa também já que agora reparo que antes da foto estavas de lágrima no olho e depois também mas na foto apareces com o sorriso do "Como-se-não-houvesse-amanhã". Vê lá se não demoras muito a vir cá! Os meus pais pagam-te para isso!! E os teus também! E os pais dos que não te conhecem, já agora!! Eu ainda não pago. Sou aquele gajo comentado nas finanças como "o sacana que está sempre a arranjar um estágio novo e a escapar à faca!" Mas por ser para ti não me importava de pagar! Tenho saudades tuas palerma!!

Beijinhos grandes!

P.S. - Que corra bem a Feira do Livro!! Eu sei que vai correr porque te conheço! :p

P.S.2 - Os óculos em vez das lentes indicam uma viagem de 20 horas cruzando o atlântico até Frankfurt para regressar meia europa para trás para o Porto. Indicam isso e indicam que fico muito mais giro de lentes também. Embora eu seja sempre giro, claro.

Foi bom mas acabou-se!


Gente! Cheguei! Com a cabeça dividida e o pensamento com uma perna de cada lado do oceano. Cumpri a promessa e assim que pude fui ao sítio que podem ver aqui abaixo. A francesinha ficou para mais tarde, mas ainda trago no bucho a Francesinha da Sonics (e aquela pizza que comi há duas semanas na Bolívia também). Amanhã é dia de encerramento do Programa Contacto. Segunda-feira começam os posts a sério sobre a viagem. Até lá... gerir o regresso que bem preciso. Obrigado a todos os que ficaram do outro lado (e aos que já vieram também) por estes meses. Como dizia o outro, "Não há palavras para descrever tal algo!"

Tuesday, April 10, 2007

Voltei!

Gente! Cheguei ontem a Buenos Aires.

Amanha parto para Portugal. Como devem calcular, tempo e coisa que nao tenho tido! Mas uma vez em Portugal começarei a mostrar por onde andei!!

Abreijos!

Thursday, April 05, 2007

Salta, Mendoza (outra vez) e FIM!

Carissimos! A viagem de Uyuni foi a real aventura. Entretanto cheguei inteiro a Salta, onde passei 2 dias tranquilos. Sem excursoes, so pela cidade e pouco mais (ate porque o trem das nuvens esta fechado).


A Salta segue-se Mendoza, onde estou agora. Ja ca tinha estado antes mas pareceu-me um bom lugar para terminar a viagem de modo relaxado. Para ja, nao podia estar mais enganado. Cristo ressuscitou ao terceiro dia conforme as escrituras mas eu preferia que tivesse sido no decimo. E que gracas ao facto de ser fim-de-semana de pascoa nao arrajei hostel aqui. Estou num hotel baratinho baratinho... mas longe do ambiente de mochileiro :(

E pior... excursoes... tudo cheio... a ver se se consegue fazer alguma coisa ainda...

P.S. - E oficial. Falta uma semana para pousar os cascos (mae, pai nao fiquem ofendidos, e so uma expressao) na Invicta! Me aguardem!!!