1 Mês - Quando o tempo passa rápido mas não tanto quanto seria de esperar.
Ponto prévio (ena o meu blog já tem disto. espectáculo): Este post está a ser escrito quando passam já alguns dias desde que fez um mês que cá estou.
Quando eu era pequenino, um mês tinha uma imagem intemporal. De infinito. O que vinha daí a um mês era mais ou menos a mesma coisa que ser no dia de S. Nunca. Ainda me lembro quando gamei aqueles 2 contos aos meus pais. Andava na primária e estourei tudo em bolos e pouco mais. Claro que fui apanhado (quem não é?) e tive direito a castigo. O castigo foi 1 mês inteiro sem comer doces e quem me conhece sabe o que isso custou. Não era à toa que a minha alcunha era Xalo Bomboca e a frase mais famosa era "Oh buôa(1) dá-me uma chicla!". Ora um mês para mim era como passar o resto da vida sem comer doces. Foi o desespero. Cumpri o castigo religiosamente. Ainda hoje me lembro de cada doce que tive de recusar. Mas o susto que apanhei quando me disseram para fazer a mala que ia para a prisão não me saia da cabeça e pelo sim pelo não era melhor obedecer. Até os rebuçados que recebia da minha professora como prémio por ler um texto correctamente eram guardados numa caixa à espera que o mês passasse. Quando o mês finalmente passou... corri para essa caixa mas os rebuçados (Catraias lembram-se? Aqueles rebuçados que eram basicamente açúcar em ponto) estavam completamente derretidos numa amalgama de sacarose e papel. Não quis saber. Comi na mesma e souberam-me pela vida.
Posta esta bela introdução acerca da nossa falta de consciência do que é um mês quando somos pequenos, passo para o presente. Hoje em dia para nós, um mês passa a correr. Não foi bem o caso por aqui. Este custou cada um dos seus 31 dias. Não passou rápido o que é chato por dois motivos. 1. Porque se estivesse mesmo a gostar da experiência isto teria passado mais rápido; 2. Porque não estando gostaria que tivesse passado mais depressa. Mas é mesmo assim. Já passou um mês e já estou em pleno segundo. Vamos olhar para a frente e ver o que acontece. Entretanto, deixo aqui um balanço daquilo que sinto e não sinto falta neste mês que passou. As pessoas, essas deixo-as de fora porque já estão fartas de saber que tenho saudades delas e se não sabem então também não merecem a referência :P.
Então cá vai:
Coisas de que sinto falta ao fim de um mês
- Ruas sem esgotos ao ar livre e lixo por todo o lado
- Civismo
- Carne de Porco
- Cais de Gaia e Costa Nova
- Francesinha (poderá estar incluída na carne de porco?)
- Discussões futebolísticas em que todos apoiam a minha visão dos factos porque são todos portistas
- Autocarros grandes
- Pacotes de açúcar nos cafés
- Pronúncia do Norte (aqui se calhar até existe mas eu ainda não percebo bem o árabe)
- Manuela Moura Guedes
- Entrevistas com o Luís Filipe Vieira
Coisas de que não sinto falta ao fim de um mês
- Discursos do Cavaco Silva (deixem só chegar aos 4 meses que acho que até disso vou sentir falta)
- Palavras como incipiente ou ideossincrassias
- A falta de capacidade para convencer que realmente sente o que diz da parte do Sócrates
- Referências à vergonha que é o esquecimento do Apito Dourado (como é que pode estar esquecido se ainda pelo messenger todos os dias tenho alguém a falar disso?)
- Automobilistas que insultam outros (aqui tb há mas eu não percebo os insultos)
- Noticiários deprimentes todos os dias às 8 da noite.
- Listas da UE a dizer que Portugal é o último país da UE nisto ou naquilo
- Pagar 2 euros por um café
- Emplastro
- Capas do jornal A Bola
- Sinos de igreja (aqui substituidos por um chamamento para a prece que se ouve por toda a cidade 5 vezes por dia sendo que a primeira é às 4h30 da manhã).
Claro que qualquer uma das listas podia ser mais extensa. Mas aí corria o risco de tornar este meu post maçador. Ai já é? Bolas...
(1)- Avô em linguagem tripeira para que não conhece.